"Estou enfurecida e injuriada", escreve uma ouvinte enfurecida e injuriada. "Tenho uma colega de trabalho que é invejosa. Ela fica falando mal de mim pelas costas, tentando denegrir a minha imagem. Se você estivesse em meu lugar, o que você faria?"
Se eu estivesse em seu lugar, eu pensaria: Oh céus! Com tanta coisa que um ser humano poderia fazer para ocupar melhor o tempo e o cérebro, como por exemplo, entender a importância da camada de ozônio para a sobrevivência do planeta, ou promover uma passeata de protesto contra os escândalos do Senado, ou trabalhar como voluntária numa campanha de vacinação, por que essa pessoa foi escolher justamente a mim para atormentar? Que mal eu fiz para merecer tamanho desatino?
Em seguida, eu passaria um bom tempo conjecturando uma longa série de soluções impraticáveis, dentre elas, estrangulamento e atropelamento. Finalmente, ao perceber que minha raiva está aumentando e o problema não está diminuindo, eu pensaria: Por que essa pessoa tem inveja de mim? Por que com tantos colegas mais invejáveis para invejar, ela apontou as baterias justamente contra mim? Foi alguma coisa que eu disse? Terá sido alguma atitude que tomei?
E eu concluiria, com meus botões e meus zíperes, que não. É mesmo uma inveja gratuita e desprovida de qualquer sentido.
Logo, estou incomodando porque estou fazendo alguma coisa producente, que esta minha colega gostaria de fazer, mas não sabe ou não pode. Portanto, eu não tenho um problema em ser invejada. Ela é que tem um problema em me invejar.
Aí, eu tomaria calmamente uma xícara de café, olharia para essa colega e pensaria: Coitadinha, tão jovem e já tão atormentada. E pior, já incorrendo ostensivamente no pecado capital número 6.
E por fim, eu visualizaria essa pessoa daqui a 20 anos, sozinha, sem amor e sem ninguém que a console nos momentos de aflição. Enquanto eu, que sou uma pessoa que todos apreciam, estarei curtindo a minha vida em paz.
Findo este reconfortante exercício de futurologia, eu voltaria a exercitar o meu autocontrole e a me dedicar apenas a meu trabalho. Porque, noves fora, é para isso que a empresa está me pagando.
Max Gehringer, para CBN.
Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/max-gehringer/2009/08/21/CONTRA-A-INVEJA-AUTOCONTROLE-E-DEDICACAO-SAO-AS-MELHORES-ARMAS.htm
Se eu estivesse em seu lugar, eu pensaria: Oh céus! Com tanta coisa que um ser humano poderia fazer para ocupar melhor o tempo e o cérebro, como por exemplo, entender a importância da camada de ozônio para a sobrevivência do planeta, ou promover uma passeata de protesto contra os escândalos do Senado, ou trabalhar como voluntária numa campanha de vacinação, por que essa pessoa foi escolher justamente a mim para atormentar? Que mal eu fiz para merecer tamanho desatino?
Em seguida, eu passaria um bom tempo conjecturando uma longa série de soluções impraticáveis, dentre elas, estrangulamento e atropelamento. Finalmente, ao perceber que minha raiva está aumentando e o problema não está diminuindo, eu pensaria: Por que essa pessoa tem inveja de mim? Por que com tantos colegas mais invejáveis para invejar, ela apontou as baterias justamente contra mim? Foi alguma coisa que eu disse? Terá sido alguma atitude que tomei?
E eu concluiria, com meus botões e meus zíperes, que não. É mesmo uma inveja gratuita e desprovida de qualquer sentido.
Logo, estou incomodando porque estou fazendo alguma coisa producente, que esta minha colega gostaria de fazer, mas não sabe ou não pode. Portanto, eu não tenho um problema em ser invejada. Ela é que tem um problema em me invejar.
Aí, eu tomaria calmamente uma xícara de café, olharia para essa colega e pensaria: Coitadinha, tão jovem e já tão atormentada. E pior, já incorrendo ostensivamente no pecado capital número 6.
E por fim, eu visualizaria essa pessoa daqui a 20 anos, sozinha, sem amor e sem ninguém que a console nos momentos de aflição. Enquanto eu, que sou uma pessoa que todos apreciam, estarei curtindo a minha vida em paz.
Findo este reconfortante exercício de futurologia, eu voltaria a exercitar o meu autocontrole e a me dedicar apenas a meu trabalho. Porque, noves fora, é para isso que a empresa está me pagando.
Max Gehringer, para CBN.
Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/max-gehringer/2009/08/21/CONTRA-A-INVEJA-AUTOCONTROLE-E-DEDICACAO-SAO-AS-MELHORES-ARMAS.htm
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